Hidrogênio verde: Brasil precisa de quase 3 mil técnicos por ano para expandir tecnologia, aponta SENAI

O Brasil está em uma posição estratégica para expandir sua economia de hidrogênio verde (H2V), mas a falta de profissionais qualificados pode ser um grande desafio. Segundo uma pesquisa recente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), realizada em parceria com o projeto H2Brasil, o país precisará formar quase 3 mil técnicos por ano para acompanhar a demanda crescente. Essa necessidade inclui profissionais especializados na instalação, manutenção e renovação de sistemas de hidrogênio verde, um combustível considerado essencial para a transição energética global.

Demanda por trabalhadores especializados

A pesquisa identificou uma demanda anual de profissionais em diferentes níveis de qualificação:

  • Nível médio (técnicos e trabalhadores qualificados): necessidade de 2.863 novos profissionais por ano.
  • Nível baixo (trabalhadores semiqualificados e não qualificados): aproximadamente 2.248 trabalhadores adicionais por ano.
  • Nível alto (cientistas e engenheiros altamente qualificados): demanda menor, concentrada em universidades e centros de pesquisa.

O superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado, destaca que a formação técnica será crucial para a instalação e operação das plantas de hidrogênio verde no Brasil. “O primeiro movimento será voltado à especialização de profissionais de nível superior, com foco em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e regulação. Já o segundo movimento será direcionado à instalação e operação das plantas, com demanda por profissionais de nível técnico”, explica Morgado.

Expansão de infraestrutura e capacitação

Para enfrentar esse desafio, o SENAI lançou em 2023 sua primeira pós-graduação em hidrogênio verde, através da UniSENAI.digital. Além disso, foram estabelecidos seis centros de excelência em diferentes regiões do país (Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Bahia e Ceará), focados em educação profissional e superior. Essas iniciativas visam formar a base necessária de profissionais para impulsionar o desenvolvimento da economia do hidrogênio verde no Brasil.

Projetos em expansão

O estudo também revelou que a produção de hidrogênio verde por eletrólise e biomassa será uma das principais áreas de crescimento. De acordo com 44% dos especialistas entrevistados, a eletrólise, que envolve a separação de hidrogênio e oxigênio através da água utilizando energia sustentável, demandará muitos técnicos especializados. Outros 36% apontaram a produção de hidrogênio a partir de biomassa como uma área igualmente promissora.

Atualmente, já existem mais de 60 projetos de hidrogênio verde no Brasil, com investimentos anunciados que somam R$ 188,7 bilhões. O Porto de Pecém, no Ceará, é um dos principais polos de desenvolvimento, com previsão de receber mais de R$ 110 bilhões em aportes financeiros para projetos de H2V.

Por que “verde”?

O hidrogênio é chamado de “verde” quando sua produção utiliza energia de fontes renováveis, como a eólica ou solar. Embora o hidrogênio seja o elemento mais abundante no universo, ele raramente é encontrado de forma isolada. A produção de hidrogênio envolve a extração desse elemento de outras substâncias, como a água ou o metano. Quando essa extração é feita usando energia limpa, o hidrogênio produzido é considerado sustentável, ou “verde”.

Cooperação internacional e o futuro do H2V

O projeto H2Brasil, parte da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, desempenha um papel fundamental na capacitação de profissionais e no incentivo à pesquisa e inovação no setor de hidrogênio verde. O objetivo é promover uma troca de informações e tecnologia entre universidades e empresas brasileiras e alemãs, além de apoiar a implementação de políticas públicas e regulamentações que impulsionem o crescimento desse mercado no Brasil.

Nos próximos anos, especialistas preveem um crescimento significativo na produção de hidrogênio verde por eletrólise, com 56% dos entrevistados afirmando que essa será a área de maior expansão. Produtos derivados do hidrogênio, como amônia e metanol, também serão importantes para o futuro da economia de H2V, com 38% dos especialistas destacando sua relevância.

Conclusão

O hidrogênio verde é uma tecnologia promissora e essencial para a transição energética global. O Brasil, com seus vastos recursos renováveis, tem um papel fundamental a desempenhar nesse cenário. No entanto, para que o país aproveite todo o potencial do H2V, será necessário um esforço conjunto para qualificar profissionais, fortalecer políticas públicas e incentivar a inovação. Com quase 3 mil novos técnicos sendo demandados anualmente, o caminho para a expansão dessa tecnologia está diretamente ligado à capacitação e formação de mão de obra especializada.

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